terça-feira, 14 de abril de 2009

Daqui eu vejo até a Europa

Quando crianca era conhecido por minhas tiradas consideradas espertas demais para minha idade. Era o divertimento da família. Já ouvi muitas histórias a esse respeito e elas sao realmente engracadas, como da vez em que fui assistir à uma aula na faculdade de meu pai e respondi uma pergunta da professora, para deleite de todos. Mas uma destas tiradas, que me foi contada por minha vó na última visita que a fiz antes de viajar, é o motivo deste post.
Contou-me que, há muitos anos atrás, ela queria deixar de morar no mesmo prédio no qual funcionava o colégio que era proprietária. Numa conversa com meu pai, na qual estava presente - e prestando atencao, como os adultos nunca acham que estao as criancas - meu pai teve a idéia de construir um primeiro andar em nossa casa para que minha vó morasse.
Intervi na conversa com uma pergunta: "Vovó, a senhora quer morar no chao (igual a térreo) ou no céu (igual a primeiro andar)". Minha vó falou-me que preferia o "chao", devido à já avancada idade. E eu, do alto dos meus cinco anos, vibrei: "É bom, porque daqui eu vejo até a Europa". Disse minha vó, nesta visita, que desde ali eu já previa o que iria acontecer mais de vinte anos depois. Nao sei, só sei que é da Europa que escrevo este post, confirmando a provável profecia de uma crianca. Nao sei, só sei que tenho que me lembrar de nunca subestimar o que uma delas diz.

Um comentário:

c. disse...

os adultos costumam achar que as crianças não pensam o suficiente.
mas elas sempre pensam mais que nós.
adorei o texto, a profecia, e a campanha pela não-subestimação das crianças.