domingo, 9 de março de 2008

A massai branca

É impossível que exista uma massai branca. Quem já assistiu o filme, ou leu o livro, sabe do que estou falando: Carola deixa seu namorado, durante uma viagem ao Quênia, para ficar com um guerreiro da tribo Massai, e, a partir de então, acompanhamos o choque entre duas culturas impossibilitando o desenrolar de uma paixão, bloqueando a transformação da paixão em amor. A incompatibilidade entre culturas cria um abismo tornando a convivência insustentável, porém, essa distância enorme na maneira em que duas pessoas são socializadas não ocorre apenas entre povos diferentes: Pode acontecer no mesmo país, na mesma cidade, no mesmo lugar. O que quero dizer é que a paixão não resiste à falta de afinidades. Cosmovisões completamente diferentes, percepções do certo e do errado insistentemente discrepantes, opiniões relativas a Deus, sexo, amizade, família, relacionamento, absolutamente incronguentes não permitem uma convivência, no mínimo, saudável. A paixão entre Peri e Ceci, a Bela e a Fera, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Fernando e Isaura, Chicó e Rosinha, é coisa da literatura, e só. No mundo real buscam-se afinidades mínimas, cumplicidades que permeiem a metamorfose da paixão em amor, do vulcão do sexo na serenidade da boa companhia, das madrugadas ardentes em tardes de filme e pipoca. Não acredito mais na paixão cega (já faz tempo) - a teoria sociológica me retirou esta inocência. Sua cara-metade não existe, mas há, dentro dos seus grupos de afinidade, dos grupos e redes de relacionamento com os quais você se identifica, alguém que vai te interessar. Não a (o) desperdice!

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