terça-feira, 7 de agosto de 2007

Muito mais que um cão de briga


Sou o que minhas experiências me fizeram ser.
Sou um passeio com meu pai à “fantaía”, sou uma incursão à sua faculdade (De história! E com direito à participação especial na aula), Sou uma visita pra conhecer o seu trabalho (A sala de aula! Com direito a outra participação especial!).
Sou meu cabelo por minha mãe ajeitado, sou madrugada com ela a dormir ao meu lado,
Sou retrato do amor por mim demonstrado.
Externo o carinho em mim introjetado, em cada sorriso compartilhado, em cada sorvete comprado, camisa passada, beijo na testa, abraço apertado.
Sou ligação preocupada, sou dormir-acordado enquanto a meia é em mim colocada quando, pra escola, a gurizada já tá atrasada. Sou quarto construído depois de pedido quase chorado.
Sou conversa à luz do luar depois da energia ter faltado, ou no terraço, depois do baygon aplicado.
Sou festa todo domingo, cheiro de cerveja na casa, Nelson Rodrigues, Núbia Lafayete e Roberto Carlos cantado.
Percebi serem estes momentos os responsáveis pela essência daquilo que nos difere dos animais. Mas até os cães não defendem com vigor os seus filhotes? Não têm eles, porém, a famosa consciência existencial. Vagam por este mundo sem a ele transferir as marcas que lhes foram deixadas em suas não-almas. E o pior: Eles não sabem o que é serem amados, não conhecem a maior das virtudes, essa sim, que tudo sofre, crê, espera, suporta, que nos liberta. Aquilo que, ao termos soltas as coleiras de nossos mais primitivos instintos, como a inveja, o egoísmo, a violência, o olhar homicida, a deslealdade, a desonestidade, não nos permite avançar e devorar como uma fera, uma besta-fera indomável, a primeira presa à nossa frente. É o amor! É, senhoras e senhores! O amor me liberta! O que me trouxe aqui foi o amor, sou parido de amor.

Sou humano, demasiado humano

Porém amado, demasiadamente amado



Escrito após assistir ao filme "Cão de briga" em Novembro de 2006



Cleonardo

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