quarta-feira, 5 de setembro de 2007

E quando a pinha acabar?


Hoje eu viajei de novo... Quem me dera pudesse estar fisicamente por todos os lugares tocados por minha mente! Mas hoje eu fiz uma viagem diferente, teletransportei-me pra dentro de uma mente, uma mente que me fez pensar, olhar, refletir e ver o mundo de maneira diferente. Sou realmente nordestino, gosto de banana, manga, macaxeira com charque, Patativa do Assaré, Zé da Luz e Jessier Quirino, sou pernambucano, gosto das pontes do Recife, olhar pros arrecifes, Cordel do Fogo Encantado, Paulo freire, Ascenso Ferreira, Josué de Castro e Ariano, mas se tem uma coisa no Sul que me encanta é a fruta do conde, se você prefere assim, pinha mesmo, prefiro arremedar assim. E num é que no sinal da Abdias, em pleno meio dia, aparece uma senhora, como que vestida de sol, com uma das maiores que já vi. Deixei da minha pirangagem e comprei... Nossa! Tá aqui o lanche da tarde, pensei. Parei no outro sinal, já dobrando pra Caxangá, e logo vieram os limpadores de pára-brisa ambulantes, acostumados a serem rechaçados automaticamente por mim, pareciam se aproximar incrédulos de que dali “sairia alguma coisa”. Desta vez, porém, permiti que o rapaz (o que chegou primeiro) finalizasse o seu trabalho. Pro meu espanto, no lugar costumeiro das moedinhas não havia mais nada, e, de súbito, no que eu pensei?... Na pinha! Ele do lado de fora, castigado pelo sol, eu dentro, eu de carro, ele a pé... Será que questionava o porquê daquilo tudo? Por que ele pode ter carro e eu não? Estudar, e eu não? Comer 3, 4, 5, 6 vezes ao dia, e eu não!? Será que punha a culpa em Deus? No governo? Será que ele sabe que tudo aquilo pode mudar, basta agente os valores do Reino proclamar, deixar de só pra o nosso umbigo olhar, e o cristianismo verdadeiro praticar? No rosto dele estava o rosto de Jesus, com fome sem o darmos de comer, com sede, sem o darmos de beber. Parei de pensar e dei a pinha ao menino, parecia que ganhava uma barra de ouro. Nunca vou me esquecer do seu olhar, penetrando na minha mente pra mudar o que eu achava que a escola podia ensinar, mas só um coração quebrantado, o dele, quebrando um coração gelado, o meu, poderia transformar. O sinal abriu, passo a primeira, vou embora, porém não mais como outrora, fico pensando como a vida daquele menino vai se desenrolar, quais as possibilidades de sua vida mudar, esperando eu e você acordar e como igreja se comportar. A Caxangá vai terminando, pela PE-05 já vou andando, tô quase chegando em casa pra jantar, mas e ele? E quando a pinha acabar?

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