Tive, durante um bom tempo, minha mente paralisada para perceber a espiritualidade fora dos arraiais evangélicos. A igreja tenta invocar para si o monopólio da espiritualidade, a exclusividade do caminho até Deus. Coitados! Como limitar o infinito? Como conter um rio que insiste, de todas as formas, em correr para o mar?
Que as represas eclesiásticas sejam destruidas! Que as vozes dos Vinicius, das Clarices, dos Paulos Freires rachem a pretensa ortodoxia dos pretensos baluartes da fé.
Tu estás lá
E tu estás em todos os lugares
E ouço a tua voz na música do mundo E sinto a tua mão na plástica das coisas
Tu és o ponto de partida
Tu és o caminho
E és o fim do caminho
És o cardo que fere os pés
E a grama macia que os repousa
E a grande tempestade de vento E o ar parado que sereniza.
És o pranto dos olhos E o riso da boca
És o sofrimento do mundo
Numa promessa de eterna felicidade
És Deus
Deus que vê todas as coisas e a todas dá remédio
E que é o único perdão:
Amém.
Trecho de "Transfiguração da Montanha", Vinicius de Morais
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