quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A metamorfose e o meu enjôo

Gregor virou um inseto e eu passei a ter enjôo ao ler nos ônibus. Nunca tive isso, mas depois de ler Kafka no Camaragibe-Príncipe isto começou a acontecer. Vai entender?
A dor de sentir Kafka tornar-se um inseto e gradativamente deixar de ser filho e irmão para ser, somente, um inseto é nauseabunda, como nauseabunda é a dor de ser inseto para tantos neste individualismo fundamentalista no qual vivemos: Colegas passam a ser concorrentes. No trânsito, preciso chegar primeiro, ninguém pode passar na minha frente. No ônibus preciso entrar primeiro, ninguém pode sentar na minha frente. O estranho pode ser um assassino e a imininência da violência do outro torna tudo competição instintiva pela vida, transforma todos em insetos horripilantes, torna o cotidiano uma sociabilidade do nojo.
Deve ser por causa disso que enjoei.
Argh!

Nenhum comentário: