domingo, 24 de fevereiro de 2008

O dia em que Carla quase morreu

Liguei pra ela quando saí do trabalho. Tava dirigindo.

- Sofri um acidente.
- Como?
- O carro bateu num micro-ônibus, num cruzamento.
- O que? Você tá bem? – Perguntei já angustiado e esquecendo que eu também tava dirigindo.
- Tô! Tô bem, sim! – Ela respondeu, mas eu não acreditei.

Cheguei em casa, entrei no MSN e ela tava lá:
- Imagina se eu tivesse morrido, Cleo! Agora você estaria no meu enterro abraçando a galera de Ciências Sociais. – Detestei a brincadeira mórbida.

Saí de casa e fui visitá-la. Quando a porta do elevador abriu e ela saiu já fiquei puto da vida porque ela tava andando (devia estar de repouso, lógico – Duas noites antes ela tava desacordada com uma porra de um microônibus porta adentro do seu lado do carro). Na minha cabeça ainda ecoava o que ela havia escrito horas antes: “Imagina...”.

Esse comentário me deixou angustiado, incomodado o dia inteiro. A efemeridade da vida surgiu impassível diante de meus olhos. O que fez a diferença entre a vida e a morte neste caso: Segundos? O cinto que o cara no banco de trás usou impedindo que ele a imprensasse na batida? Todos estes detalhes juntos? Deus? Não era sua hora? Freios ABS? Sei lá!

Só sei que aprendi algumas lições:

1. Danem-se as obrigações do cotidiano! Que tudo se exploda! Os amigos têm que ser mais importantes que toda essa roda-viva;
2. Carla realmente não tem nada na cabeça. Ela fez a tomografia: O médico disse (Mas isso todo mundo já sabia);
3. Usar o cinto de segurança atrás e Nunca mais (Nunca mais!) atravessar o sinal quando este estiver desligado, sem, antes, parar.

Carla ainda vai passar muito tempo, ad eternum, destilando seu jeito “escroto” de ser pelos corredores daquela faculdade.

Ainda bem!

Um comentário:

c. disse...

Imagine se eu tivesse morrido e tu tivesse escrito um texto falando de mim e tal... hahahahaha PAREI! PAREI!

Cleo, tu é o único amigo que me ama de verdade mermo. O cara me visita e ainda faz um texto pra mim, pqp... Como tu diz: tu sois fódisson mermo! E eu te amo tb!!!

Valeu por tudo, velho. Tu é um cara raro nesse mundo.

Beijos!