sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um pouco mais que um galeto

Quando meu pai era guri, e ainda não trabalhava, seu sonho de consumo era comprar um galeto destes que ficam girando nas churrasqueiras das esquinas das ruas e avenidas expelindo fumaça como um vulcão atraindo a todos pelo olfato. Imagino meu pai passando e vendo, de dentro do ônibus, ou caminhando mesmo, o girar hipnotizador daqueles galetos e ao sentir o cheiro salivante da fumaça dizer: - Ainda como um galeto destes, todinho, e sozinho! Pois é, seu sonho não era comprar um galeto daqueles, apenas: A questão era comprar um inteiro e comê-lo "s-o-z-i-n-h-o". E o que vocês acham que ele fez quando começou a trabalhar de office boy num banco (que nem existe mais)? Comer o tal galeto, e lógico, inteiro e sozinho - Sonho realizado.
Chegando em casa esta semana vejo, na garagem, não outro galeto, maior e mais completo, mas um merecido presente que ele resolveu se dar depois de ter gastado, ou melhor, investido, muito mais do que isto com três filhos que agora já ensaiam sua independência financeira. Muito mais que merecido. Em sua vida deve ter sido só o galeto que ele quis desfrutar sozinho, e nada, nada mais, pois tudo o que somos e pretendemos ser vêm de seu altruísmo e dedicação incansáveis. Agora é colocar todo mundo dentro e sair pra celebrar, como sempre fazemos, comendo. Que tal um galeto?

Parabéns, meu velho!

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