“Leões e Cordeiros”, novo filme de Robert Redford, com Tom Cruise e Meryl Streep, além do próprio Redford, no elenco fala sobre crianças que entram escondidas (pela porta de saída) numa sala de cinema, e de como elas são expulsas truculentamente por alguns dos que assistiam ao filme.
Mas... Um filme inteiro sobre isso?
Calma! O filme trata da Guerra no Iraque. De como o governo americano vendeu à população uma mentira, pintando uma batalha de interesses escusos (capitalistas e eleitoreiros), de um patriotismo e até (ou seria principalmente?) de uma religiosidade fundamentalista propagadora de uma pretensa autoridade dada, por Deus, aos EUA para vencer a guerra contra o terror. Mais... O filme retrata a relação promíscua entre governo e mídia e o poder de manipulação desta sobre a população (Este, pra mim, é realmente o principal tema do filme). Foi a mídia americana que, como um alquimista, transformou podridão em ouro e conseguiu conduzir o patriotismo americano numa aprovação à guerra, vendendo a inverdade da presença de armas nucleares em território iraquiano. Muitos, os inocentes, jovens soldados, morrem acreditando numa guerra legítima sem se perceberem como peças de um conflito que só serve para girar a roda da indústria da guerra e da máquina de eleição americana: Lucram os leões, morrem os cordeiros. Por aqui, o poder alienante da mídia funciona com tanta eficiência e eficácia quanto do lado de lá. A superioridade de classe está tão impregnada na mente de nossa sociedade que é muito difícil, quase impossível, des-naturalizar esta situação. Na cabeça do brasileiro está entalhada uma superioridade do rico sobre o pobre, do branco sobre o negro, do homem sobre a mulher. A burguesia somente se manifesta contra as mazelas que assolam nosso país quando suas fortalezas em forma de condomínios fechados são transpostas, seus relógios rolex são roubados, seus direitos de consumidor de futilidades são transgredidos ou suas salas de cinema são invadidas: Enquanto assistíamos ao filme, algumas crianças, por pura brincadeira e aventura, entraram na sala e passaram a brincar lá dentro. Um dos que assistiam, sob os gritos de “isso mesmo!”, “leva ele!”, após os garotos terem feito isto uma segunda vez, arrastou pelo braço uma das crianças até o lado de fora, enquanto as outras foram expulsas aos gritos. Lembro-me de alguém ter chamado a maiorzinha de irresponsável (uma criança!). Isto teria sido feito se as crianças não estivessem, nitidamente, trajando roupas que os denunciavam como membros da classe baixa de nossa sociedade, provavelmente oriundas das favelas que circundam o shopping onde estão as salas? A mesma violência (sim, violência!) teria sido utilizada se as crianças não fossem negras? De quem é a culpa? Das crianças, ou dos administradores da sala que não deixaram a porta de saída trancada? A atitude violenta contra as crianças, baseada no direito à propriedade (afinal, foram pagos R$ 16,00 para se ter acesso àquela sala) e na superioridade racial e de classe, é injustificável.
Refletir além do que é propagado pela indústria da comunicação é imprescindível para entendermos os papéis vividos em nossa sociedade. Percebermos quando as notícias são utilizadas como meio de expressão dos interesses de uma classe é indispensável para respondermos corretamente as perguntas:
Quem são os leões?
Quem são os cordeiros?
A injustiça assola o país onde encontramos um dos maiores abismos entre ricos e pobres no mundo. Enquanto isso, os aparelhos ideológicos a serviço da legitimação da injustiça cumprem o seu papel de ratificar, quase que subliminarmente, atitudes “faca na caveira” contra os desprovidos do mundo. Eu saí da sala de cinema com a minha imaginação sociológica aguçada, meu clamor por justiça renovado, minha indignação contra a injustiça reforçada, com a minha batalha contra a manipulação da mídia re-travada, e uma oração na cabeça:
Dá atenção à tua aliança, porque de antros de violência se enchem os lugares sombrios do país. Não deixe que o oprimido se retire humilhado! Faze que o pobre e o necessitado louvem o teu nome. Salmos 74: 20,21
Mas... Um filme inteiro sobre isso?
Calma! O filme trata da Guerra no Iraque. De como o governo americano vendeu à população uma mentira, pintando uma batalha de interesses escusos (capitalistas e eleitoreiros), de um patriotismo e até (ou seria principalmente?) de uma religiosidade fundamentalista propagadora de uma pretensa autoridade dada, por Deus, aos EUA para vencer a guerra contra o terror. Mais... O filme retrata a relação promíscua entre governo e mídia e o poder de manipulação desta sobre a população (Este, pra mim, é realmente o principal tema do filme). Foi a mídia americana que, como um alquimista, transformou podridão em ouro e conseguiu conduzir o patriotismo americano numa aprovação à guerra, vendendo a inverdade da presença de armas nucleares em território iraquiano. Muitos, os inocentes, jovens soldados, morrem acreditando numa guerra legítima sem se perceberem como peças de um conflito que só serve para girar a roda da indústria da guerra e da máquina de eleição americana: Lucram os leões, morrem os cordeiros. Por aqui, o poder alienante da mídia funciona com tanta eficiência e eficácia quanto do lado de lá. A superioridade de classe está tão impregnada na mente de nossa sociedade que é muito difícil, quase impossível, des-naturalizar esta situação. Na cabeça do brasileiro está entalhada uma superioridade do rico sobre o pobre, do branco sobre o negro, do homem sobre a mulher. A burguesia somente se manifesta contra as mazelas que assolam nosso país quando suas fortalezas em forma de condomínios fechados são transpostas, seus relógios rolex são roubados, seus direitos de consumidor de futilidades são transgredidos ou suas salas de cinema são invadidas: Enquanto assistíamos ao filme, algumas crianças, por pura brincadeira e aventura, entraram na sala e passaram a brincar lá dentro. Um dos que assistiam, sob os gritos de “isso mesmo!”, “leva ele!”, após os garotos terem feito isto uma segunda vez, arrastou pelo braço uma das crianças até o lado de fora, enquanto as outras foram expulsas aos gritos. Lembro-me de alguém ter chamado a maiorzinha de irresponsável (uma criança!). Isto teria sido feito se as crianças não estivessem, nitidamente, trajando roupas que os denunciavam como membros da classe baixa de nossa sociedade, provavelmente oriundas das favelas que circundam o shopping onde estão as salas? A mesma violência (sim, violência!) teria sido utilizada se as crianças não fossem negras? De quem é a culpa? Das crianças, ou dos administradores da sala que não deixaram a porta de saída trancada? A atitude violenta contra as crianças, baseada no direito à propriedade (afinal, foram pagos R$ 16,00 para se ter acesso àquela sala) e na superioridade racial e de classe, é injustificável.
Refletir além do que é propagado pela indústria da comunicação é imprescindível para entendermos os papéis vividos em nossa sociedade. Percebermos quando as notícias são utilizadas como meio de expressão dos interesses de uma classe é indispensável para respondermos corretamente as perguntas:
Quem são os leões?
Quem são os cordeiros?
A injustiça assola o país onde encontramos um dos maiores abismos entre ricos e pobres no mundo. Enquanto isso, os aparelhos ideológicos a serviço da legitimação da injustiça cumprem o seu papel de ratificar, quase que subliminarmente, atitudes “faca na caveira” contra os desprovidos do mundo. Eu saí da sala de cinema com a minha imaginação sociológica aguçada, meu clamor por justiça renovado, minha indignação contra a injustiça reforçada, com a minha batalha contra a manipulação da mídia re-travada, e uma oração na cabeça:
Dá atenção à tua aliança, porque de antros de violência se enchem os lugares sombrios do país. Não deixe que o oprimido se retire humilhado! Faze que o pobre e o necessitado louvem o teu nome. Salmos 74: 20,21
Cleonardo
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